Quinta, 05 de Dezembro de 2024
17°C 26°C
São Paulo, SP
Publicidade

O diabo mora nos detalhes

Artigo de Clayton Noleto discorre sobre uma realidade paralela na Copa do Mundo, acerca da atuação de dois gigantes sul-americanos: Brasil e Argentina

Por: Carlos Leen
17/12/2022 às 08h39 Atualizada em 17/12/2022 às 09h00
O diabo mora nos detalhes
Messi e Neymar quase se enfrentaram na Copa do Mundo do Catar

O futebol é mesmo, como diziam os antigos, uma caixinha de surpresas. Num dia que já entrou para a história do futebol, brasileiros e argentinos disputaram as quartas de final da Copa do Mundo do Catar e os torcedores não escondiam a ansiedade por uma possível semifinal entre os dois gigantes sul-americanos, um embate entre Neymar e Messi.

O Brasil, muito favorito frente a Croácia, teve enormes dificuldades, mas conseguiu vencer com um gol genial de Neymar, já na prorrogação. Faltando cinco minutos para o fim da partida, a Croácia ainda teve uma chance de ouro, quando a seleção brasileira se lançou ao ataque de forma inteiramente desorganizada, deixou a retaguarda desprotegida, e Petkovic não empatou a disputa porque o zagueiro brasileiro Marquinhos se jogou à frente da área, desviando a bola e evitando a decisão por pênaltis.

Fez-se justiça, visto se tratar do primeiro chute a gol da seleção europeia em toda a contenda. Brasil em mais uma semifinal e Neymar recebendo as homenagens por ter sido decisivo.

A Argentina, pelo menos do ponto de vista temporal, fez o contrário: começou muito melhor, fez dois a zero, com Messi ditando o ritmo e o rumo do jogo.

A Holanda, porém, com toda a sua tradição, disciplina e força tática conseguiu empatar a partida no último lance, quando, ao cobrar uma falta na entrada da área, surpreendeu e assombrou o mundo futebolístico fazendo uso de jogada ensaiada, tocando a bola, em vez de chutar, para Weghorst (que já havia feito o primeiro gol holandês aos 38 do segundo tempo) desviar sutilmente e garantir a realização de prorrogação. Inacreditável!

Claro que esse mais do que inesperado revés causou um enorme impacto nos jogadores argentinos, que foram burocráticos diante uma cansada Holanda, resultando em permanência do empate e consequente cobrança de pênaltis, sempre matreira.

Foi a hora de o goleiro holandês, Noppert, brilhar, defender duas cobranças e garantir a Holanda na semifinal contra o Brasil.

Eternamente, os torcedores argentinos tentarão entender porque Messi ficou apenas para a última cobrança, que nem checou a ocorrer. Não teria sido melhor pôr o craque portenho para cobrar logo a primeira penalidade, visto o tamanho da responsabilidade?

A cobrança foi feita por Julián Álvarez, que sentiu o peso, e bateu para a consagração de Noppert.

Argentina fora e aquela que, talvez, seria a maior partida da história das Copas não ocorrerá em 2022: Brasil e Argentina em semifinal de um mundial.

Messi saiu de campo aos prantos. Fez tudo que pode, mas a verdade é que faltou ao gênio argentino, mais uma vez, companheiros que lhe ajudassem a carregar o fardo e a dramaticidade de nossos vizinhos, tão apaixonados por futebol. Ficará para a história como o maior de todos que não foi?!

O escrete canarinho - mais uma expressão cunhada pelos antigos (e haja nostalgia!) - aprendeu com os erros do jogo contra a Croácia, usou as virtudes da Argentina (sem cometer os mesmos pecados), e venceu a Holanda na semifinal com absoluta autoridade: 3 x 0. Neymar brilhou ao jogar coletivamente, mantendo os lampejos decisivos. Brasil na final!

A França manteve a regularidade, apesar de todos os desfalques, e também chegou.

Será a revanche de 1998. Será Neymar contra Mbappé. O mundo aguarda em suspense. Tudo indica que será a confirmação de um novo reinado no futebol, o do craque francês, ou será a consagração, finalmente, de Neymar como melhor do mundo.

O futebol é mesmo uma caixinha de surpresas. Imaginem se a Holanda não empata com a Argentina no último lance. Imaginem se a bola de Petkovic, da Croácia, resvala em Marquinhos e vai para o fundo das redes de Alisson. Não estaríamos agora discorrendo acerca dos erros de Tite, sobre os vacilos de Neymar, tecendo loas eternas a Messi e aguardando que ele, enfim, ganhasse a sua primeira Copa do Mundo, se igualando (ou mesmo ultrapassando) Maradona?! Seria Messi contra o esquadrão francês, comandado por Mbappé.

Alguém já disse que o diabo mora nos detalhes. Eis a beleza que faz do futebol o esporte mais popular do mundo!

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Senna foi lançada no dia 29 de novembro pela Netflix - Foto: Divulgação/Netflix
Critica Há 14 horas

Senna na Netflix: Imortalizado com roteiro explicadinho

Leia minha crítica sobre a minissérie Senna.

Em Ainda Estou Aqui, sua adaptação do livro de Marcelo Rubens Paiva, ele mergulha em uma tragédia familiar que ecoa os horrores da ditadura militar brasileira.
Cinema Há 6 dias

Ainda Estou Aqui, entre memórias e explicações

O filme é tecnicamente impecável, com atuações sólidas – Fernanda Torres e Selton Mello estão excelentes – e uma trilha que embala o peso emocional. Porém, há algo que resiste a alcançar a grandiosidade do material original: o excesso de explicações.

Pacino dedica boa parte do livro a O Poderoso Chefão (1972), seu primeiro grande papel. Interpretar Michael Corleone não só projetou sua carreira, como também o colocou entre os gigantes de Hollywood.
Cinema Há 1 semana

Al Pacino e os papéis que moldaram uma lenda do cinema

Poucos atores conseguiram imprimir sua marca no cinema como Al Pacino. Em sua autobiografia, Sonny Boy, publicada no Brasil, ele compartilha memórias de uma infância difícil no sul do Bronx, entre ausências paternas e a luta de sua mãe contra a depressão. É um relato sincero, que revela não só o homem por trás das câmeras, mas também o artista que construiu uma carreira brilhante em meio a tantas adversidades.

A artista Lília Diniz, idealizadora da atividade. Foto: Divulgação
Cultura Há 2 semanas

Projeto de Música Regional é realizado em escolas de Imperatriz para jovens e adultos

A atriz e poeta Lília Diniz fará duas apresentações do Circuito Pindoba em escolas

ste momento especial será uma oportunidade de valorizar a riqueza cultural afro-brasileira, destacar a importância das *Leis 10.639/2003 e 11.639/2008. Imagem: Divulgação
Consciência Negra Há 2 semanas

Imperatriz realiza XII Exposição Afro-Brasileira no Calçadão

Nesta terça, 19 de novembro de 2024, das 8h às 18h, o Calçadão de Imperatriz será palco da XII Exposição Afro-Brasileira, evento promovido pela Unidade Regional de Educação de Imperatriz (UREI), através da Coordenação de Educação da Igualdade Racial (CEIRI).